Dos casinos e imóveis ao fascinante mundo da defesa dos animais
A Fundação Aspinall é uma instituição de caridade britânica que promove a conservação da vida selvagem e o regresso dos animais em cativeiro de volta à natureza.
Foi criada por John Aspinall, em 1984, e tem a seu cargo os dois jardins zoológicos por ele fundados: o Port Lympne Wild Animal Park e o Howletts Wild Animal Park, ambos em Kent, Inglaterra.
John Aspinall, empresário do ramo dos casinos, ganhou fama por investir os lucros dos seus casinos na criação de centros para animais. No início dos anos 70, John Aspinall sonhava em reintroduzir na natureza os gorilas criados nos parques Howletts e Port Lympne, sua propriedade.
Hoje, esse sonho está a ser concretizado pelo seu filho, o atual presidente da Fundação Aspinall, Damian Aspinall.
Damian Aspinall, empresário milionário do ramo imobiliário que decidiu seguir as pisadas do pai, depois da morte deste, em 2000, defende que a reintrodução de animais nos seus habitats naturais pode ajudar a conservar a vida selvagem e a salvar o meio ambiente.
Nos últimos anos, a fundação criou centenas de animais nos seus parques e levou-os de volta para o meio selvagem, onde eles verdadeiramente pertencem.
Os números falam por si: cerca de 300 animais regressaram ao seu habitat, incluindo 70 gorilas, o que torna esta organização única no mundo.
A Fundação Aspinall acredita que os animais merecem, sempre que possível, viver nos seus ambientes naturais, livres da perseguição do Homem, da caça e da perda do seu habitat (com a destruição de florestas ou rios, por exemplo), e tem como missão enfrentar essa destruição e reconstruir a população de muitos animais ameaçados de extinção.
Possui três vertentes de atuação, que passam por: evitar a extinção de espécies ameaçadas na natureza, reintroduzindo animais e desenvolvendo atividades de conservação sustentáveis, que proporcionem benefícios económicos para as comunidades locais e ajudem a proteger áreas selvagens; fornecer o ambiente mais natural possível para os animais nos seus parques e, por fim, sensibilizar o público para o bem-estar animal.
Passados 30 anos, a sua missão mantém-se a mesma
A Fundação Aspinall administra projetos de conservação no Congo, Gabão, Indonésia e Madagáscar, além de fornecer apoio financeiro a vários projetos parceiros em todo o mundo.
Trabalhando em conjunto com o Howletts Wild Animal Park e a Port Lympne Reserve em Kent, a Fundação Aspinall é um dos criadores mais bem-sucedidos de animais em cativeiro em vias de extinção.
Em África e na Ásia, as suas doações têm ajudado a enfrentar as ameaças humanas e naturais e a proteger os animais em vias de extinção.
A Fundação estabeleceu um projeto para gorilas órfãos na República do Congo no final de 1980 e, em 1998, no estado vizinho do Gabão.
Segundo dados da Fundação Aspinall, o número de gorilas das planícies ocidentais encontrados no Gabão diminuiu 60% nos últimos 25 anos. Apoiante do Project Protection des Gorilles Gabon, que está sediado em Franceville, no Gabão, procura reintroduzir os gorilas no Bateke Plateau National Park.
Em 2013, a fundação lançou um programa de criação de gatos selvagens escoceses, com planos de criar um centro de criação na ilha de Càrna, na costa oeste da Escócia.
Em novembro de 2019, a fundação resgatou 11 elefantes, 19 búfalos, 29 gnus e 4 girafas da Reserva Privada Blaauwbosch, na África do Sul, depois de queixas de maus-tratos e negligência.
Em fevereiro de 2020, a Fundação Aspinall tornou-se a primeira organização do mundo a enviar chitas criadas em cativeiro do Reino Unido para renaturalização na África do Sul.
Damian Aspinall libertou pessoalmente as duas chitas machos, que nasceram em Port Lympne, na sua nova casa, perto da Cidade do Cabo.
Desde 2008, Aspinall liderou os esforços para salvar o grande lémure-de-bambu, em vias de extinção. O seu trabalho foi recompensado, com o lémure-de-bambu a ser retirado da lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo.
Do Kent para o Quénia
A fundação britânica fará a transferência inédita de elefantes para o Quénia ainda em 2022. Uma manada de 13 elefantes, atualmente no Howletts Wild Animal Park, em Kent, será enviada de avião para o Quénia, a sete mil quilómetros de distância, onde será reintroduzida no seu habitat natural.
Será a primeira vez que se reintroduz uma manada de elefantes reprodutores na natureza. Cada elefante será transportado numa estrutura adaptada à sua morfologia e um médico veterinário estará presente durante todo o voo.
A Fundação Aspinall quer transportar por via aérea esta manada: uma carga de 25 toneladas num Boeing 747!
Diz-se que os gigantes do streaming estão em negociações para documentar este momento histórico.
Ficamos a aguardar.
Artigo de Catarina Pereira