Até à década de 60 do século XX não era possível garantir que uma determinada impressão, produto ou embalagem tivesse a mesma cor: em cada impressão, por exemplo, a cor não saía igual. O mesmo produto, produzido em duas fábricas, seria forçosamente diferente.
Quem foi, então, responsável pela padronização das cores?
A Pantone foi criada em 1950 como uma empresa de impressão na cidade de Carlstadt, no estado norte-americano de New Jersey. Na época, era uma empresa especializada no fornecimento de cores para cosméticos, moda e indústria farmacêutica.
Em 1956, Lawrence Herbert começou a trabalhar na empresa e logo se deu conta da dificuldade de os profissionais de design, agências de publicidade e tipógrafos comunicarem e definirem as cores exatas.
Era comum ocorrerem muitos erros quando se tentava replicar as tonalidades de um determinado produto. Herbert não desistia de tentar solucionar este problema e, após comprar a empresa, em 1962, lançou o primeiro sistema de cores: o Guia PMS (Pantone Matching System) em 1963, um manual de cores padrão em formato de leque, com cartões de 5 cm, impressos com diferentes cores dos dois lados e agrupados por uma espiral, como se fosse um caderno.
O PMS (Pantone Matching System) é um manual de cores padrão que diversos profissionais das artes gráficas, por exemplo, utilizam no seu dia a dia para garantir que as cores que estabeleceram para os seus projetos são compreendidas e respeitadas.
Com este Guia PMS, que tinha apenas 10 cores, foi possível criar uma linguagem objetiva e precisa, já que o sistema de identificação das cores era através da numeração. Deste modo, qualquer impressora do mundo poderia reproduzir a cor de forma exata.
Foi uma ferramenta totalmente revolucionária na época.
Qual é a importância da Pantone?
A Pantone fornece uma linguagem universal de cores que permite às marcas e aos fabricantes escolherem as melhores opções de cores em todas as etapas do processo de produção e é o sistema de cores mais usado no mundo.
Milhões de designers espalhados pelo globo confiam nos produtos e serviços da Pantone para ajudar a definir, comunicar e controlar as cores (desde a sua idealização até à sua concretização). Quando um designer em Nova Iorque especifica uma determinada cor Pantone, o fabricante em Portugal sabe imediatamente qual é a cor desejada.
Mesmo que não falem a mesma língua, ambos entendem as cores globais da Pantone.
O objetivo do sistema de Guias Pantone é apresentar todas as possibilidades de tonalidades e numerá-las para especificar as cores, visualizando a sua impressão.
As gráficas utilizam a tabela como referência para mostrar ao cliente como ficará a impressão. A numeração da Pantone é útil para que a gráfica saiba calibrar as máquinas e garantir que a cor é exatamente a mesma da impressa no catálogo.
O fabricante recomenda que o Guia Pantone seja substituído anualmente, com o intuito de minimizar possíveis divergências na referência da cor, devido à degradação e ao desgaste natural das tintas.
Para entender a forma como é lido o espectro de cores, cada tonalidade e pigmentação é vista de forma diferente pelos equipamentos; por exemplo, os materiais impressos utilizam o sistema de cores denominado CMYK (Cyan, Magenta, Yellow e Black), traduzidos como Azul, Magenta, Amarelo e Preto, que, misturados, compõem diversas tonalidades.
Ao visualizar um arquivo no computador, a leitura é feita em RGB (Red, Green and Blue), que são as cores Vermelho, Verde e Ciano. O Guia Pantone é útil como referência na padronização de cores, justamente pela dificuldade de acerto destes dois tipos de visualização.
Todas as cores da Pantone possuem um número registado e único. A listagem das cores e números é propriedade intelectual da Pantone e não podem ser comercializados (por isso, os softwares como Inkscape e GIMP não suportam as cores).
São mais de 13 mil cores catalogadas e divididas em categorias como: Sólidas, Pastéis, Néon, Metálicas e Especiais.
A empresa foi adquirida, em 2007, pela X-Rite, um fabricante de produtos de medição e gerenciamento de cores, por 180 milhões de dólares!
Pantone é um símbolo do design.
Sistemas de cores
A Pantone tem dois sistemas de cores: O PANTONE MATCHING SYSTEM (PMS) E O SISTEMA PANTONE FASHION, HOME + INTERIORS (FHI).
Qual é o motivo?
Diferentes necessidades. Cada sistema apresenta cores relevantes para o mercado. Os designers de moda precisam de mais brancos, pretos e neutros na sua paleta de cores, enquanto os designers de produto necessitam de cores que sobressaiam nas prateleiras.
Diferentes materiais. O resultado final de uma cor pode mudar consoante o material em que surge. Algumas cores não funcionam num determinado material.
Estes dois sistemas ajudam a garantir que as cores incluídas sejam alcançáveis e reproduzíveis em qualquer objeto.
Assim:
- Quando falamos em PMS, estamos a referir-nos ao sistema gráfico;
- Quando falamos em TCX, referimo-nos aos têxteis;
- Quando falamos em TPG, referimo-nos aos pigmentos e revestimentos.
No sistema de cores Pantone, cada cor é única e tem o seu próprio código, que funciona como uma espécie de identidade da cor.
Esse código é frequentemente composto por três ou quatro números e uma letra, que pode ser C ou U. Sendo assim, o C significa coated (revestido), portanto, o papel no qual a cor irá ser impressa terá um revestimento especial. Já a letra U significa uncoated, ou seja, o papel não tem nenhum revestimento.
Códigos da Escala Pantone
C: Coated (revestido). Significa que o papel utilizado na impressão possui um revestimento especial;
U: Uncoated (não revestido). O papel utilizado não possui revestimento diferenciado;
M: Utilizado em impressões feitas em papéis foscos.
Parece um simples pormenor, mas é essencial para que o resultado final seja o esperado.
Um mundo para além do sistema de cores
Atualmente, a empresa Pantone é muito mais do que um sistema de idioma de cores. Apesar de a marca ter códigos e nomes para todos os tons possíveis e imagináveis, ela conseguiu expandir o seu negócio para além do sistema de cores.
A Pantone Lifestyle oferece produtos de consumo inspirados no design exclusivo da marca Pantone, com cores e padrões marcantes.
Celebra uma estética de design moderno acessível a todos e o uso arrojado de cores através de parcerias com outras marcas.
A partir do ano 2000, a Pantone conseguiu, com várias campanhas de marketing, consolidar-se como um sistema global.
Além das Cores do Ano, tem também Hotéis Pantone, Cafés e uma infinidade de artigos como canecas, porta-lápis, artigos de decoração, acessórios de tecnologia, coleções de maquilhagem e muitos outros.
A marca Pantone tem feito parcerias com grandes nomes, como a Tiffany ou Tealeaves, criando cores customizadas. Um dos exemplos são os Minions, personagens dos filmes de animação, cujo amarelo foi desenvolvido pela Pantone.
A empresa nunca para de investir em inovação. Uma das propostas mais ambiciosas foi o lançamento, em 2009, de uma app, MyPantone App, que extraía uma paleta de cores exatas a partir de uma fotografia (reinventada, em 2016, como Pantone Studio) ou o Pantone Color Match Card, que permite identificar a cor Pantone de um objeto qualquer.
Em 2012, a empresa lançou um livro de amostra de tons de pele, o que abriu portas para um novo mercado: uma parceria com a marca de cosméticos Sephora, com o desenvolvimento de um aparelho capaz de capturar a cor do rosto para ajudar os clientes na hora de escolher o tom certo de maquilhagem.
Pantone Color Institute
O Pantone Color Institute, criado em 1986, oferece um serviço de consultoria para designers e marcas sobre o poder e a influência das cores. O serviço de consultoria da Pantone é um dos mais confiáveis do mundo, utilizado por empresas de todos os segmentos do design, moda e indústria.
Sabe como se escolhe a cor do ano?
É o Pantone Color Institute que define a cor do ano e as previsões globais relacionadas com a cor.
São mais de 40 especialistas mundiais, entre os quais Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute e uma guru das cores, e David Shah, consultor de cores. Para que a cor do ano seja definida, um árduo trabalho de pesquisa é feito, com as tendências do mundo da arte, da moda e do design a serem cuidadosamente analisadas.
O processo de seleção da Cor do Ano requer uma análise das tendências. Para chegar à seleção de cada ano, os especialistas “vasculham” o mundo em busca de novas influências de cores, que podem estar no cinema, na arte, na indústria da moda, no design, em destinos de viagens, bem como em novos estilos de vida, em jogos, entre outros.
Durante 23 anos, a Cor do Ano da Pantone influenciou o desenvolvimento de produtos e as decisões de compra em vários setores, incluindo moda, decoração e design industrial, bem como embalagens de produtos e design gráfico.
A cor do ano
Todos os anos, no mês de dezembro, o Pantone Color Institute escolhe uma cor que será tendência e elege-a como “Cor do Ano”. Tudo começou em 1999, quando foi eleita a primeira cor do ano de 2000, a Cerulean, escolhida para representar o início do milénio.
Sobre esta escolha, afirmou Ron Potesky, vice-presidente da Pantone até 2017: “Foi um momento emocionante, mas foi também um momento assustador. Com a mudança do milénio, tínhamos de proporcionar uma resposta a todo aquele entusiasmo e uma resposta ao medo, utilizando a cor para fazer isso.”
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Desde então, muitas cores foram eleitas:
Cor Pantone 2022
Ao contrário de 2021, que teve duas cores Pantone (PANTONE 17-5104 Ultimate Gray + PANTONE 13-0647 Illuminating), 2022 traz uma única e marcante cor: a cor Very Peri, um tom violeta vívido que agradou a uma grande maioria do público.
Pela primeira vez em mais de duas décadas, o Pantone Color Institute criou propositadamente uma cor para comemorar os desafios de um novo ano, em vez de escolher uma já existente no seu arquivo colorido.
Para isso, mesclou tons azulados (que muitas vezes evocam sentimentos de confiança e tranquilidade) com tons vermelhos (que transmitem energia e estímulo), criando uma nova cor que procura comunicar o sentimento de inovação e o contacto com a realidade digital e que incentiva a inovação e a criatividade.
“A Cor do Ano Pantone reflete o que está a acontecer na nossa cultura global, expressando o que as pessoas estão à procura através desta cor e o que podem esperar'', afirmou Laurie Pressman, vice-presidente do Pantone Color Institute.
De acordo com Leatrice Eiseman, diretora-executiva do Pantone Color Institute, num mundo em mudança, Pantone 17-3938 Very Peri “traz uma nova perspetiva e visão da fiável e amada família de cor azul, reunindo as qualidades dos azuis, mas, ao mesmo tempo, com este subtom violeta-avermelhado, mostra uma atitude alegre e espirituosa e uma presença dinâmica que encoraja a criatividade e expressões imaginativas».
Um pouco da história da Pantone, por ela própria:
Com praticamente 60 anos de existência, a Pantone é reconhecida mundialmente como a linguagem padrão de comunicação de cores, quer pelo designer mais exigente, quer pelo consumidor mais distraído.
A verdade é que a Pantone é uma autoridade do mundo das cores e do design e está cada vez mais presente nas nossas vidas, ditando as tendências na indústria do design, seja na escolha das cores tendência da estação ou nos objetos de decoração que temos em casa, por exemplo.
Se no princípio era a Cor…
o fim há de ser sempre (escolha da) Pantone.
Artigo de Catarina Pereira